Não existe um dia que qualquer ser humano não realize algum ato. Seja bom ou mau, amplo ou contido, aberto ou fechado, são atitudes. Mas será que essas ações são pensadas ou simplesmente ocorrem porque devem ocorrer? Passamos parte de nossa existência experimentando momentos e não nos damos conta da possibilidade de estar presente por inteiro. Pois saiba que isso acontece também na Liturgia.
A prerrogativa principal para se fazer Teologia é ter fé. Mas se existe um pensar a fé vivida, isso já é a Teologia. E se juntarmos esse pensar a fé mais o celebrar aquilo que se crê, acabamos de encontrar a Teologia Litúrgica: local onde a fé vivida é expressada e pensada por uma congregação celebrativa. Isso faz a diferença numa comunidade!
A participação do mistério pascal não se dá somente com presença de corpo. Isso não é participar. É assistir. Pensemos numa partida de futebol transmitida pela televisão. Os torcedores, por vezes se sentem jogando com o time, mas na verdade ele só assiste, não podem fazer nada. Ocorre o mesmo em determinadas celebrações, estamos vendo, mas não experimentando aquele momento.
Agora quem vai ao estádio de futebol, esse participa, empurra o time com seus gritos, berra a todo pulmão, pede jogador ao técnico. Ele não somente assiste, mas participa como se fosse um dos jogadores. Vive aquele momento. Se o time perde ou ganha, isso faz diferença na sua vida. A nossa liturgia deve ser assim, vivida, pensada e geradora de mudanças na pessoa. A vitória ou derrota transforma o torcedor por completo. A celebração deve mexer com a pessoa, e transformá-la por inteiro, e isso emana pela vida, que é portadora de fé – fé pensada, ou seja, teologia.
Há um adentrar no mistério. O torcedor tem todo um ritual: camiseta do time, frases de efeito, hino na “ponta da língua”, ingresso antecipado. Quer chegar cedo para se preparar para ver o jogo. Há uma pedagogia para se adentrar no estádio, não há cerimônia e sim uma festa, é momento de ver o time jogar (ganhar ou perder, isso é depois de noventa minutos), estar ali e provar daquele momento, como se fosse o último jogo. A atitude de quem celebra passa por esse ritual: chegar cedo, vivenciar cada oportunidade de silêncio, de alegria, adentrar no sentido do símbolo. Fazer daquela celebração um momento de celebrar a vida, para dar continuidade à vida celebrativa.
Serão nos momentos proporcionados para que a comunidade celebre realmente a experiência de uma vida de fé pensante, que a palavra se cala e dá lugar as ações daquilo que se diz. O pensamento está voltado para aquilo que se crê, enquanto o ser humano congregado celebra aquilo que se vive, diariamente. Isso é Teologia Litúrgica.
Frater Elberth Bertoli, scj
Um comentário:
"enquanto o ser humano congregado celebra aquilo que se vive, diariamente" Gostei! Celebrar liturgicamente a vida e o seu contrário tbm! Não sei nada de Teologia Liturgica, mas seu texto me deu certo gostinho... rsrs... Abraços! Pedro
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