segunda-feira, 1 de março de 2010

Complicado e Perfeitinho

Quando eu era criança, meus pais me deram um brinquedo muito legal e que eu adorava brincar. Não era o Lego, mas tinha a mesma função de montagem. Nele, as peças vinham todas em tamanhos maiores, afinal, era necessário para as crianças terem capacidades de ao menos poderem acoplar umas nas outras. Podíamos fazer rodas gigantes, carrinhos, robôs e tantos outros pensamentos que vinham a cabeça. Meu sonho era montar uma roda gigante completa, daquelas que seria possível girar. Mas porque eu estou escrevendo isso? Simplesmente para dizer sobre minha vida hoje.
Tenho percebido que a vida é como cada peça desse brinquedo (não que a vida seja brincadeira!), tentamos acoplar cada peça afim de que a vida de sua função, tenha a sua competência e possibilite uma ação posterior: viver.
Vamos tentando com todas as nossas vontades e abertura para o outro, sermos alguém melhor. Conseguir ultrapassar nossos limites, e mesmo que sejamos imperfeitos, queremos ser melhor para o outro e com o outro. Mas nem tudo nessas peças se encaixam, nem tudo é como queremos. As vezes faltam peças, por outras não podemos colocar mais espaços entre elas, e provavelmente, aquilo que queríamos realizar na montagem não saia como realmente esperávamos.
Não me culpo por não ter encaixe em peças que são importantes, nem julgo por mudanças pessoais que não podem acontecer. Creio que quando estamos vivendo essa montagem, e queremos que a vida tenha sua função de viver, temos que ter a coragem de ser verdadeiro e agir conforme se expressa.
Mudando de assunto. Hoje eu creio na corporeidade, plenamente. E vivo ela de todas as maneiras possíveis. Meu corpo não esconde algo errado em minha mente e minha mente não consegue paralisar os sentimentos e emoções que percorrem meu estado emocional. Ser "problemático" é isso: mostrar o que se sente, mesmo que as pessoas não concordem. Somos eternas incógnitas e sempre seremos para o outro. A exposição de vida é a realidade que vivemos, nua e crua. Se me deparo diante de alguém, posso até fingir, mas não por muito tempo. E quando se é verdadeiro, até isso passa a ser mentiroso, porque as pessoas não estão acostumada com essa realidade. As aparências enganam e a verdade obscurece. Lembro sempre do mito das cavernas. É difícil ver a luz, dói, machuca os olhos e não possibilita enxergar de imediato. É complicado mesmo. Entendo perfeitamente, pois passei por isso há muitos anos atrás. O que chamam de insensibilidade, eu chamo de consciência. E o que chamam de falsidade, eu concluo que é falta de conhecimento e confiança das pessoas. Para mim, continuo na mesma... sentindo, pensando, querendo, sonhando, atestando, aromatizando, percebendo, vivendo. Porque nunca parei a vida por causa de nada - quem me conhece sabe disso! - a independência é minha marca. Vou ao cinema, ao shopping, à praia, ao centro da cidade, à padaria, à lanchonete sozinho. Tenho duas pernas, mas também sou capaz de dá-las a alguém que realmente precise delas e que saiba utilizá-las bem.
Voltando a montagem. Não houve peças para o final. Não houve. O que resta é desmontar tudo e construir de novo, talvez com menor tamanho, menor proporção, mas com a função de viver.
Gente, lembrem-se sempre, nunca julguem, aprendam a escutar e a crescer com as coisas. Ódio ou raiva de alguém, traz ódio e raiva. Pra que aborrecer a vida, se podemos acolhê-la e fazer com que ela floresça para o amor. Acolham, nunca se esqueçam disso. Acolham.
Boas ondas.
Aloha.