domingo, 26 de junho de 2011

Advogando a causa de "deus".

Começo uma longa jornada para conseguir passar por um processo seletivo de grande repercussão em minha vida e que tenho certeza que fará um diferencial em minha história. E dentro desse miolo todo eu tenho me deparado com situações intelectuais bastante raras e de muitas propostas de vivência humana. Com diversas literaturas que tenho obtido em minhas mãos e passadas pelos meus olhos, chego a uma experiência fantástica de percepção do ser humano como alguém incansavelmente em busca de um ponto inicial, em contrapartida, alguém que direciona a sua história para um encontro com a construção de seu próprio ser – muitas vezes falso e excludente de vivência social.
Parece ser um pouco complicado explicar o que acontece, mas tentarei explicitar um pouco do que estou querendo propor nesse texto.
Essa semana eu me percebi completamente irritado com as palavras de uma determinada deputada estadual ou vereadora (não procurei saber) do Rio de Janeiro, que dentre as suas demasiadas falácias e exageros acerca do comportamento humano, colocava a sua religião como ponto fundamental para dizer o que é certo e o que é errado. Rogando a si próprio o efeito de não ser preconceituosa. Remoí as palavras da ilustre pessoa, tentei escrever algo sobre o assunto, mas nada me veio à mente no momento. E hoje, lendo os dizeres de um cientista, percebi que tinha o que dizer sobre o assunto.
A grande dificuldade do homem moderno está em aceitar que o ser humano vivencia suas realidades a partir de pontos já existentes em suas experiências primordiais, ou seja, desde a sua origem o homem repete fatos. E isso nunca deixou de fazer existir a vida humana e nunca fez com que a população em uma determinada localidade deixasse de viver e de ser formador de uma cultura. Em contrapartida, em conformidade com sua própria criatividade, somos exageradamente formidáveis em aprender a dar sentido naquilo que fazemos, porém, erramos quando queremos pontuar e dar um valor à vida dos outros a partir de uma experiência particular ou pessoal dentro de um grupo.
Quando nos percebemos diante de um “deus”, segundo aquilo que acreditamos, passamos também a querer viver segundo aquilo que esse direcionamento espiritual ou kármico, ou o nome que formos dar a uma maneira de viver, nos move. Mas dentro de um olhar mais apurado temos a determinação de que qualquer experiência religiosa, por mais particular que ela seja, tem um princípio arcaico. E é esse princípio arcaico que nos condiciona a perceber que somos todos vindos e provenientes de uma mesma natureza, de um mesmo Cosmo, de um mesmo abraço.
Dando um salto (podendo parecer absurdo ou contrariando qualquer natureza retórica, gerando uma possível falácia), somos completamente arbitrários se insinuamos e colocamos todas as pessoas dentro de uma mesma bagagem comportamental. Seria o mesmo que dizer que todos os negros são pobres, todos os franceses são fedidos ou todos os gays são pedófilos. E mais, tudo porque o MEU “deus” não aceita determinada realidade comportamental, porque nos escritos assim o diz.
Volto, depois do salto, dizendo que, se determinada religião não aprende a consolidar as relações humanas de forma coerente, com capacidade de se respaldar socialmente e domesticamente, essa religião não tem, primeiro: capacidade de perceber-se uma com todas as outras. E em segundo lugar: ela é incapaz de fazer amar, segundo os princípios que ela concebe.
Ora, se eu tenho preocupação em querer manter a ordem, proibindo o conhecimento de outras circunstâncias, é sinal de que eu não tenho segurança daquilo que eu sei, experimentei e tenho convicções. É uma realidade religiosa porosa, fraca e sem fundamentos sólidos, pois se baseia naquilo que o EGO acha que é certo. E se eu não tenho essa primeira condição em minha história, na segunda possibilidade não há a menor condição de relação, respeitosa e ascendente, com qualquer diferença que seja, porque se é o meu pensamento que prevalece, já emito um juízo de valor sobre a vida do outro, impossibilitando abertura para o diálogo.
Infelizmente, achei imatura, irresponsável e de tamanha ignorância a fala da dita deputada ou vereadora, pois ela condensa todo ser humano dentro de um determinado padrão de vida (no qual ela julga ser o correto), aplica comportamento psicológico leviano dentro de uma determinada orientação sexual (excluindo o caráter de cada indivíduo) e pior, evita qualquer tipo de confronto com a sua realidade banindo de sua vida as mais diversas atividades trabalhistas que não permeie a sua realidade religiosa e orientação sexual que ela ache digna.
Concretamente, se tornou um exemplo de que não foi capaz de dar singularidade ao principio de religião (re-ligar e amar o próximo), de coerência doutrinal e profundo desconhecimento de qualquer ciência ligada a área humano-afetiva e filosófica (uma vez que comete demasiadas falácias e exageros linguísticos).
Ora, passo a acreditar cada vez mais em um “deus” que converte pelo acolhimento, pela doçura nas palavras humanas e pela visão do ser humano como criatura repleta de possibilidades existenciais positivas. E qualquer atitude que seja negativa, passa ser olhada como um espelho reverso, mostrando que onde há o mal, pode existir o bem, dando a possibilidade de investir na humanidade.
Desculpe-me, senhora deputada, no seu discurso não me chocou o fato da senhora dizer que determinada orientação sexual é permitida ou não pela sua religião. Chocou o fato de a senhora ser tão despreparada para ocupar tão distinto posto, tão distinta religião e tão distinta liderança. Mas acolho a sua tão errônea fala, para perceber que tropeçamos até mesmo quando queremos um bem. E ensinou a minha pessoa que qualquer religião que se preze tem sua marca registrada quando a fala produz inquietação e reflexão, o que não foi o seu caso. Em mim causou espanto, medo e preocupação. Que caia fogo realmente. Onde?! Eu não preciso dizer.

Boas ondas.
Aloha.

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