segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Fins, Meios, Jusificações.



“No mal também existe o bem.” Acho que essa é a frase que resumiu uma conversa que tive essa semana com uma pessoa, que apesar das muitas experiências de vida, não consegue distinguir o outro lado da existência. Vivo naquele eterno dilema de saber o quanto as coisas/pessoas possuem um valor em si mesmas, capazes de levar a cada um de nós a realizarmos nossas ações não pelo que receberemos, mas pelo que realmente devemos fazer enquanto seres humanos de caráter e com solidariedade.
Estávamos sentados, despretensiosamente, um diante do outro numa tarde de domingo. Conversávamos sobre a vida, sobre nossas formas de ver e ouvir os apelos do mundo e quais respostas damos a cada uma delas. Não procurei ninguém para conversar, não busquei sentar naquele banco e depois naquela cadeira de plástico, apenas estava sozinho, esperando as horas passarem, atento ao movimento de quem pensa esconder os sentimentos dentro de si mesmo, e não expressar pelas formas que o corpo grita, explode e comunica. Ele se aproximou igual a alguém que há muito tempo gostaria de falar da vida para o outro, nesse caso eu. E a bondade de Deus é grande comigo. Escutar histórias e poder abrir as possibilidades para que esta história seja transformada e readaptada não é minha obrigação, mas é minha forma de agir sem perceber. Aprendi que acredito no ser humano, e que corro riscos por ele e, sem perceber (também), me torno ingênuo.
Percebi que eu não tenho o menor preconceito para com quem tem ideias diferentes das minhas e muito menos a quem não consegue abrir novos arquivos cerebrais para depositar informações inovadoras. Frases de efeito não têm nenhum tipo de função quando a vida te possibilita ter duas respostas e você pode escolher entre uma ou outra. Nem sempre uma cesta básica é a melhor forma de ajudar alguém, pois a procedência de tal iguaria para um faminto poderá vir da morte de muitas pessoas. E nem sempre, o bem seria realmente a melhor coisa a se fazer num momento em que se tira a roupa de um agasalhado para vestir o outro que está com frio. Numa conversa simples, despreocupada, eu vi que o mal pode muito bem vir vestido de bem. Uma ovelha pode ser um lobo, e aquilo que achamos ser a luz, pode muito bem ser aquilo que cegará os olhos de muitos. Parei para pensar na juventude de um país que desmorona diante da incapacidade de pensar, da oportunidade de olhar o lado ruim das coisas e conquistar a vida aplicando valor ao que recebeu pelo suor do trabalho e da disposição em vencer.
Eu conheci muitas coisas da vida em uma pequena conversa. Conheci na prática que o ser humano é o único que pode fazer algo para si mesmo. Ninguém pode mudar o outro se ele não quiser (acredito em Maturana nesse exato momento). E a grande revelação de minha vida é entender pela experiência e não pela teoria, tudo que conquistamos de forma fácil e sem compromisso passa a ter valor descartável. Somente temos apreço ao que conquistamos de forma suada e muito bem investida. Hoje tudo é muito rápido, muito fácil e muito acessível, por isso descartamos com facilidade, também.
Dizemos sempre que o belo se esconde por trás da fera, mas esquecemos que o contrário também acontece. Não quero ter o tom pessimista, mas alguns jovens trocaram alguns valores. Escondem a verdadeira alegria por trás das drogas, da bebida, do sexo desenfreado. Não se encontram consigo mesmos, não partilham, não se aproximam, e acham que essa “individualidade” é positiva.
O bem também está no mal? Não, não está. Porque aquilo que é, não pode existir na ausência dele mesmo (SIM! Estou filosofando). O bem não está no mal. O dinheiro das drogas vendidas a pessoas com dependências químicas não pode ser motivo para dizer que há um lado bom nesta guerra sem fim, oferecendo cestas básicas aos moradores desfavorecidos nas favelas. Nem a morte de jovens e adolescentes envolvidos no tráfico pode ser considerada uma coisa boa para dizermos: Ele sabia disso! Não prestava mesmo! Fez bem em matá-lo! Pois a morte não tem nenhum motivo positivo e a vida de quem quer que seja tem o mesmo valor universal: o Bem, o Belo, a Verdade.
Hoje acredito que o que é ruim não possui consistência para sustentar-se, coerência para assumir-se e atitude para permanecer agindo às claras. Nenhum mal justifica o bem e – que me desculpe os Maquiavélicos – nenhum fim justifica os meios.
Apesar da conversar ter terminado em zero a zero, acredito que o Bem prevalece ao mal em um quesito muito prodigioso, ele leva a reflexão de que as coisas podem mudar e que nada poderá ser igual, uma vez que o bem abre as portas da mente e do coração. “Refletir o próprio pensamento” torna-se o primeiro passo para mudança, para acreditar que as coisas serão melhores no futuro. E o Bem sempre será presença, conquista e paz interior. Por isso que o mal não tem lugar nem vez para ocupar espaço já preenchido e muito menos existir onde já há a existência plena e absoluta da Vida.

Aloha.

Boas Ondas.

domingo, 26 de junho de 2011

Advogando a causa de "deus".

Começo uma longa jornada para conseguir passar por um processo seletivo de grande repercussão em minha vida e que tenho certeza que fará um diferencial em minha história. E dentro desse miolo todo eu tenho me deparado com situações intelectuais bastante raras e de muitas propostas de vivência humana. Com diversas literaturas que tenho obtido em minhas mãos e passadas pelos meus olhos, chego a uma experiência fantástica de percepção do ser humano como alguém incansavelmente em busca de um ponto inicial, em contrapartida, alguém que direciona a sua história para um encontro com a construção de seu próprio ser – muitas vezes falso e excludente de vivência social.
Parece ser um pouco complicado explicar o que acontece, mas tentarei explicitar um pouco do que estou querendo propor nesse texto.
Essa semana eu me percebi completamente irritado com as palavras de uma determinada deputada estadual ou vereadora (não procurei saber) do Rio de Janeiro, que dentre as suas demasiadas falácias e exageros acerca do comportamento humano, colocava a sua religião como ponto fundamental para dizer o que é certo e o que é errado. Rogando a si próprio o efeito de não ser preconceituosa. Remoí as palavras da ilustre pessoa, tentei escrever algo sobre o assunto, mas nada me veio à mente no momento. E hoje, lendo os dizeres de um cientista, percebi que tinha o que dizer sobre o assunto.
A grande dificuldade do homem moderno está em aceitar que o ser humano vivencia suas realidades a partir de pontos já existentes em suas experiências primordiais, ou seja, desde a sua origem o homem repete fatos. E isso nunca deixou de fazer existir a vida humana e nunca fez com que a população em uma determinada localidade deixasse de viver e de ser formador de uma cultura. Em contrapartida, em conformidade com sua própria criatividade, somos exageradamente formidáveis em aprender a dar sentido naquilo que fazemos, porém, erramos quando queremos pontuar e dar um valor à vida dos outros a partir de uma experiência particular ou pessoal dentro de um grupo.
Quando nos percebemos diante de um “deus”, segundo aquilo que acreditamos, passamos também a querer viver segundo aquilo que esse direcionamento espiritual ou kármico, ou o nome que formos dar a uma maneira de viver, nos move. Mas dentro de um olhar mais apurado temos a determinação de que qualquer experiência religiosa, por mais particular que ela seja, tem um princípio arcaico. E é esse princípio arcaico que nos condiciona a perceber que somos todos vindos e provenientes de uma mesma natureza, de um mesmo Cosmo, de um mesmo abraço.
Dando um salto (podendo parecer absurdo ou contrariando qualquer natureza retórica, gerando uma possível falácia), somos completamente arbitrários se insinuamos e colocamos todas as pessoas dentro de uma mesma bagagem comportamental. Seria o mesmo que dizer que todos os negros são pobres, todos os franceses são fedidos ou todos os gays são pedófilos. E mais, tudo porque o MEU “deus” não aceita determinada realidade comportamental, porque nos escritos assim o diz.
Volto, depois do salto, dizendo que, se determinada religião não aprende a consolidar as relações humanas de forma coerente, com capacidade de se respaldar socialmente e domesticamente, essa religião não tem, primeiro: capacidade de perceber-se uma com todas as outras. E em segundo lugar: ela é incapaz de fazer amar, segundo os princípios que ela concebe.
Ora, se eu tenho preocupação em querer manter a ordem, proibindo o conhecimento de outras circunstâncias, é sinal de que eu não tenho segurança daquilo que eu sei, experimentei e tenho convicções. É uma realidade religiosa porosa, fraca e sem fundamentos sólidos, pois se baseia naquilo que o EGO acha que é certo. E se eu não tenho essa primeira condição em minha história, na segunda possibilidade não há a menor condição de relação, respeitosa e ascendente, com qualquer diferença que seja, porque se é o meu pensamento que prevalece, já emito um juízo de valor sobre a vida do outro, impossibilitando abertura para o diálogo.
Infelizmente, achei imatura, irresponsável e de tamanha ignorância a fala da dita deputada ou vereadora, pois ela condensa todo ser humano dentro de um determinado padrão de vida (no qual ela julga ser o correto), aplica comportamento psicológico leviano dentro de uma determinada orientação sexual (excluindo o caráter de cada indivíduo) e pior, evita qualquer tipo de confronto com a sua realidade banindo de sua vida as mais diversas atividades trabalhistas que não permeie a sua realidade religiosa e orientação sexual que ela ache digna.
Concretamente, se tornou um exemplo de que não foi capaz de dar singularidade ao principio de religião (re-ligar e amar o próximo), de coerência doutrinal e profundo desconhecimento de qualquer ciência ligada a área humano-afetiva e filosófica (uma vez que comete demasiadas falácias e exageros linguísticos).
Ora, passo a acreditar cada vez mais em um “deus” que converte pelo acolhimento, pela doçura nas palavras humanas e pela visão do ser humano como criatura repleta de possibilidades existenciais positivas. E qualquer atitude que seja negativa, passa ser olhada como um espelho reverso, mostrando que onde há o mal, pode existir o bem, dando a possibilidade de investir na humanidade.
Desculpe-me, senhora deputada, no seu discurso não me chocou o fato da senhora dizer que determinada orientação sexual é permitida ou não pela sua religião. Chocou o fato de a senhora ser tão despreparada para ocupar tão distinto posto, tão distinta religião e tão distinta liderança. Mas acolho a sua tão errônea fala, para perceber que tropeçamos até mesmo quando queremos um bem. E ensinou a minha pessoa que qualquer religião que se preze tem sua marca registrada quando a fala produz inquietação e reflexão, o que não foi o seu caso. Em mim causou espanto, medo e preocupação. Que caia fogo realmente. Onde?! Eu não preciso dizer.

Boas ondas.
Aloha.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Nenhum de nós.



Quando pensamos que não, a vida nos surpreende com respostas rápidas , nem sempre seguras, mas com motivos grandes para as mudanças. Assim foi o que aconteceu comigo, novamente eu resolvi mudar de ares. Uma decisão que não é difícil, mas também não foi tão fácil. Pedi demissão.
Para alguns eu sou um louco, para outros um revolucionário. Para muitos me tornei exemplo de atitude e coragem, diante do mundo capitalista que exige de nós respostas medrosas acerca de nosso futuro. Eu precisava tomar essa decisão, eu tinha que acreditar em mim mesmo (mais uma vez) e apostar que as coisas são o que nós construímos, e eu não desejaria construir aquela casa.
Sempre sonhei com um mundo justo, coerente, libertador e simples. Sei que não existe, não vou achar. Me disseram esses dias que deixaram de acreditar em utopias. Eu pensei na minha utopia e que só é possível acontecer dentro de minha vida, dentro de minha história. Não quero utopias para o mundo, porque a minha utopia já incluí o próximo. Basta querer dentro daquilo que eu desejo, que eu sonho, que eu busco. Fazemos um mundo muito distante de nossa realidade. Onde as guerras não acontecem, onde as brigas não acontecem, onde a paz reina sempre e por toda eternidade.
Depois de tanta transformação em minha vida, passei a sonhar com meus sentimentos de amor pelo próximo, minha atenção aos mais idosos, minha educação ao atender alguém, ao informar as horas. Passei a ver que no meu sonho, na minha utopia, conquisto muito mais que querer nadar contra a maré. Esquecemos que o pouco que fazemos é muito nesse mundo incoerente, sombrio e cheio de ganância.
É preciso que cada um faça a sua parte. Volte a ter uma utopia de um mundo melhor a partir de seu pequeno universo. Que tenha coragem de socializar a vida com todas as formas possíveis, deixando de lado os preconceitos, as atitudes de rejeição, a falta de caridade, de atenção. Agir com nossa própria vida e esquecer a vida dos outros. Tomar rumos e sonhar com o que é possível, pois o que não é possível rapidinho se alcança.

Boas Ondas.
Aloha.